"Que o Senhor vos ilumine, abençoe e vos proteja."

quarta-feira, 22 de abril de 2009

ALCACER DO SAL




foto:Nuno Gameiro

Linhas de água















História
A investigação arqueológica atesta a presença humana em Alcácer há 40 mil anos. Porém, é apenas ao período mesolítico que se referem os primeiros dados de produção agrícola e pecuária, registando-se também troca de produtos, como por exemplo peças de cerâmica.
Na Idade do Ferro, a zona conheceu um grande crescimento urbano, possuindo inclusive moeda própria. Posteriormente, com a ocupação romana, a povoação "Bevipo" passou então a designar-se "Salacia Urbs Imperatoria", atingindo o estatuto de cidade e dominando toda a região, de acordo com o Direito Romano.
A sua importância mantém-se no século I a. C. devido, principalmente, à sua grande produção de lã e sal. Já no período visigótico, foi constituída cidade episcopal. A ocupação árabe dá-se em 715 e prolongou-se durante quatro séculos, período em que se constituiu capital da província de "Al-Kassar". Nesta altura, o rio voltou a ser frequentado por navegadores orientais e norte-africanos, mantendo-se como um porto de grande importância na Península Ibérica.
A partir do séc. XII, as batalhas entre cristãos e muçulmanos sucederam-se. D. Afonso Henriques conquistou Alcácer em 1158 ou 1160 (a data aceite depende da corrente seguida, respectivamente baseada em fontes europeias ou muçulmanas), mas os mouros retomaram-na até à reconquista final, em 1217, no reinado de D. Afonso II, com o auxílio de cruzados, recebendo no ano seguinte a sua carta de foral.
Em 1220, a região foi instituída Cabeça da Ordem de Santiago, assumindo grande importância estratégica na geografia do País, até ao séc. XVI.
Com a saída da Ordem, é fundado o Convento Aracoelli, que ocupará a área do castelo até 1834.
Em 1495 o mesmo espaço assistiu à aclamação de D. Manuel I como rei de Portugal.
Em 1502, o célebre matemático Pedro Nunes nasce no concelho, provavelmente em Vale de Guizo.
Saliente-se ainda a importância de Alcácer do Sal na sustentação dos Descobrimentos portugueses. A qualidade do pinheiro manso que abundava na região foi tida como especialmente conveniente para algumas peças da construção naval, tendo essa madeira sido largamente utilizada na construção das embarcações.

Em termos económicos, a agricultura continuava a ser a actividade predominante, tirando partido da fertilidade da terra, que já romanos e árabes tinham reconhecido, mas, simultaneamente, assistia-se ao incremento da actividade comercial.
Em 1758, Alcácer do Sal possuiria, segundo o Pároco de Santiago, 436 fogos e 1543 pessoas, aos quais se devem adicionar os 330 fogos e 1342 pessoas que o padre Bernardo Osório, prior colado de Santa Maria, registava existirem na sua freguesia nesse mesmo ano.
Não se poderá negar o contributo fundamental que o rio Sado garantiu ao incremento das trocas comerciais. Pela sua navegabilidade, que chegava a Porto Rei, permitia a deslocação de embarcações até cerca de 50 milhas da costa, escoando-se por esta via grande parte da produção agrícola do Alentejo.
Casas de frontões triangulares e volutas lembram o período áureo da exploração do sal. Os sécs. XVIII e XIX terão constituído um dos momentos mais altos no recurso ao rio enquanto grande via de penetração no Alentejo. As suas especiais características acabaram por proporcionar o surgimento de um conjunto de embarcações específicas, de onde se destacam os laitéus, as canoas, os galeões (primeiro da pesca de cerco e depois de transporte de sal) e os iates, todas usadas no transporte permanente de mercadorias.
Já nos nossos dias, muita dessa importância se perdeu. Com a crescente utilização do caminho-de-ferro, o recurso ao rio foi sendo progressivamente abandonado, ainda que se tenha conservado até à primeira metade do séc. XX.

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