Estes são (eram) os antigos Paços do Concelho de Évora, na Praça do Giraldo (chamada Praça Grande até ao século XIX), construídos no reinado de Afonso V (século XV) e depois restaurados pelo rei João II em 1481 e pelo rei Manuel I em 1519, "tão encantadores na sua varanda de esbeltas colunas dóricas de mármore branco de Estremoz, nas janelas manuelino-mouriscas e nos coruchéus, rodeados na base, como é vulgar em Évora, por um diadema de ameias chanfradas" (palavras de Raul Proença).
A documentação existente permite confirmar que vários reis portugueses estiveram sentados naquela varanda, entre os quais João III, Cardeal D. Henrique e Sebastião.
No final do século XIX, a Câmara Municipal mudou-se para a Praça do Sertório, e este edifício - que hoje seria, sem dúvida, um sério candidato a edifício mais bonito da lindíssima praça - ficou devoluto, tal como o contíguo edifício da cadeia quinhentista. A gravura acima mostrada foi feita nos últimos anos do século XIX, a partir de uma fotografia tirada na mesma altura por Vicente da Rocha, poucos dias antes de o edifício ser barbaramente mutilado:
Este era o aspeto do mesmo edifício poucos anos depois, no início do século XX. A lindíssima arcada (contemporânea das restantes arcadas da praça) foi completamente destruída, para alargamento da rua (!!!), a maravilhosa varanda teve o mesmo destino e apenas se aproveitaram dois dos três elegantes portais manuelinos.
"Parece impossível esta mania portuguesa de fazer e desfazer", escrevia, desconsolado por este atentado, Gabriel Pereira há 115 anos.
Há cerca de 100 anos, pouco tempo depois de esta fotografia ter sido tirada, o histórico edifício acabou por ser demolido pela Câmara Municipal de Évora, juntamente com o contíguo edifício da cadeia, para dar lugar à "pesada" agência do Banco de Portugal:
fonte: anossaterrinha Joana Ortigão
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