"Que o Senhor vos ilumine, abençoe e vos proteja."

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

"Romaria de Nossa Senhora da Boa Nova "

Romaria de N. S. da Boa Nova em Terena

A Confraria de Nossa Senhora da Boa Nova em parceria com o Município de Alandroal e a Junta de Freguesia de Terena são os responsáveis pelo evento denominado de "Romaria de Nossa Senhora da Boa Nova ", também vulgarmente conhecida como a " Romaria dos Prazeres" que este ano decorre de 29 de Abril a 3 de Maio de 2011,sendo certo que os dias grandes desta única romaria alentejana se situam entre o dia 30 de Abril e dia 2 de Maio.
O Templo
A História
Situado a cerca de um km da vila de Terena, bem no coração do concelho de Alandroal, este singular e único Templo, é palco de uma das maiores manifestações marianas da Península Ibérica. Aqui se congregam extremeños e alentejanos, beirões e galegos, sevilhanos e algarvios, brasileiros e franceses, numa procura de paz e resposta para a sua vida.

Reza a lenda que nos campos de Terena, Maria de Portugal, a Formosíssima Maria, filha de Afonso IV manda construir um templo dedicado a Santa Maria, devido ao simples facto de Afonso IV de Portugal, ter decidido apoiar o seu genro, Afonso XII de Castela, na conquista de Sevilha, na tão famosa batalha do Salado.

Reza a história que anos antes, Afonso X de Castela, nas diversas Cantigas de Santa Maria , em louvor de Santa Maria de Terena lança diversas odes, versando os diversos milagres que naquela Capela se produziam.

Reza a lenda que Maria de Portugal estava ajoelhada naquele local, rezando, quando recebeu a Boa Nova da alteração de posição de seu pai.

Reza a história que diversos nobres de Castela eram visita frequente do Santuário de Santa Maria de Terena, sendo que uma das visitas mais frequentes, foi a futura rainha de Inglaterra e uma das mulheres de Henrique VII, Isabel de Castela.

Reza a lenda que a Capela foi construída a expensas de Maria de Castela e de Afonso IV, seu pai.

Reza a história que a Capela de Santa Maria, é um capela de ameias elevadas, de forma cruciforme, românica, de pórticos ogivais a sul, norte e poente, e de estreitas frestas medievais, encimadas por balcões defensivos e matacões, decoradas com pedras de armas reais portuguesas.

Reza a história que o templo era originalmente pertença do padroado da Ordem de Avis e mais tarde teve como donatários os Condes de Vila Nova (de Portimão)

Reza a história que, após a implantação da República, é a Festa entregue a uma comissão de homens com posses em terras e cargos políticos locais, iniciando-se assim a primeira Comissão de Festas. Durante os meses que antecediam a Festa da Senhora da Boa Nova, eram os empregados destes lavradores quem procedia à recolha das ofertas, caianças das igrejas, montagem de bazar, coreto, e do arremesso do fogo-de-artifício, durante a festa.

Reza a história que muito antes da Festa se procedia á caiança e pintura de casas e montes, a fim de receberem condignamente os visitantes e amigos que por aqui haviam de vir, como ponto de encontro com a singular imagem de Nossa Senhora da Boa Nova.

Reza a história que hoje este Santuário é Monumento Nacional, sendo visitado por milhares de pessoas ao longo do ano, centrando-se a maior afluência diária por volta da sua Festa Anual

O interior do Templo

Contrastando com o aspecto pesado exterior, o interior surpreende-nos pela singeleza das linhas góticas e pelo aspecto amplo da nave, de planta de cruz grega, coberta de abóbadas de arcos quebrados. Os alçados da nave foram decoradas no séc. XIX por rodapé escaiolado e pinturas murais realizadas pelo pintor Silva Rato, de Borba, representando os santos do universo popular alentejano. O púlpito, de alvenaria, é obra da mesma época e levanta-se volumoso no transepto da igreja. Os altares colaterais, de São Brás e santa Catarina, são de talha dourada do séc. XVIII.

Mais interessante é a decoração do presbitério, cuja abóbada está coberta de pinturas fresquitas representando os reis da I Dinastia até Afonso IV e de diversas cenas do Apocalipse de São João, obra mandada fazer pelos Condes de Vila Nova, comendadores da Ordem de Avis. O retábulo maneirista, do séc. XVI, conserva entalhadas belíssimas tábuas de estilo maneirista flamenguizante representando a Anunciação e Assunção da Virgem, o Presépio, o Pentecostes e a Ressurreição de Cristo. Ao centro, em maquineta dourada expõe-se a veneranda imagem de Nossa Senhora da Boa Nova, de roca, e com o Menino Jesus ao colo. Nesta capela se conservou acesa durante séculos a lâmpada votiva dos Duques de Bragança. Subsistem ainda dentro do presbitério aras votivo ao Deus Endonvélico provenientes do antigo templo de São Miguel da Mota, também da freguesia de Terena, e no espaço algumas campas antigas.

A Festa
1 - Da preparação

Começa muito antes a preparação para esta Festa. A Comissão que a realizava foi, desde 1990, substituída pela Confraria de Nossa Senhora da Boa Nova, hoje também preocupada com a defesa e manutenção dos lugares de culto cristão da freguesia de Terena. Esta singular confraria divide entre os seus elementos as diversas tarefas que hão-de recair por altura do Domingo e Segunda-feira de Pascoela, os dias de maior simbolismo para todos os que são devotos de Santa Maria de Terena.

Se o Alentejo é pródigo em manifestações de cariz pascal, aqui, neste local, tudo se congrega para a celebração da Festa de Nossa Senhora da Boa Nova.

É comum guardarem-se as melhoras roupas, a melhor carne, a melhor doçaria para a Festa da Boa Nova.

Pode-se até viver pobremente durante o ano, mas é nesta altura que a melhor peça de carne de porco, o melhor borrego do rebanho, a melhor ave do galinheiro, são abatidos para se repartir com os amigos que vêm de longe, com os pobres, e com os que por luto de familiar não podem usufruir do que de melhor a casa nos dá.

Pode-se até ficar sem o cêntimo que tanta falta faz, mas que a Confraria passe e receba de cada um, as suas parcas posses para custear a Festa dos Prazeres. È todo este simbolismo que torna a Festa da Boa Nova, numa festa bem diferente, onde o centro de tudo é a passagem daquele andor com uma Senhora vestida de branco, transportando no Seu regaço, bem colado ao Seu peito, a imagem de um Menino Jesus, convidando a uma reflexão mais intensa sobre a nossa vida, e onde de cada casa escorrem lágrimas não contidas.

Pode-se passar todas as provações, mas nestes dias da Festa, que a " Santinha" se debruce sobre os campos, sobre os gados, sobre os seus devotos peregrinos, sobre as pessoas, que faça sol ou chuva, não arredam pé até à recolha do andor, num emotivo Adeus, onde as lágrimas se misturam com o ribombar dos foguetes e as preces deslizam pelas gargantas em surdina, contrastando com o som do Hino da Boa Nova, que uma Banda de Música interpreta.

2 – A Festa

É no Domingo de Pascoela, ao entardecer, quase ao sol-posto, que Santa Maria de Terena emerge da porta do Seu Santuário.

A multidão que a espera silencia-se e mudamente desfia nas suas mãos o rosário que não teme em mostrar, numa muda prece, quebrada unicamente pelo som dos instrumentos musicais que acompanham a sua caminhada em direcção à vila de Terena.

Ninguém precisa de pedir para que a multidão caminhe, em alas, em procissão de velas. A negridão da noite apenas é quebrada por um mar de velas acesas e por uma enorme luz branca que caminha, aos ombros dos homens, no silêncio da planície alentejana.

Chega-se ao cruzeiro do Santuário, e ao encontrar-se Pedro com Maria, já noite bem cerrada, as duas procissões de origens tão diversas, encontram-se e, após uma curta reflexão oral, normalmente orientada pelo Capelão e Reitor do Santuário, caminham numa só fila, num só caminho, para a Igreja Matriz de Terena.

A chegada é o anúncio de que Santa Maria de Terena, traz a Boa Nova de novo à vila e aos seus habitantes. Um vistoso fogo-de-artifício anima a chegada e saúda a Virgem da Boa Nova, como que numa retribuição da visita e da alegria que a mesma proporciona.

À noite, no jardim público e de forma gratuita, anima-se a noite. Dança-se e ouve-se música, regressando a romaria às origens quando se pernoitava nas ruas e nas carroças, esperando o raiar da Segunda-Feira, porque para os romeiros da Boa Nova, tudo acaba unicamente com o regresso da sua Virgem, ao Santuário que lhe deu nome.

E na Segunda-feira, um mar de peregrinos, talvez ainda mais que no Domingo, bem cedo rumam à Igreja Matriz, para acompanharem o regresso da Sr.ª da Boa Nova, e quiçá lembrarem algumas das necessidades, tristezas e alegrias porque passaram Sol quente ou chuva intensa não fazem arredar a multidão, porque o regresso da Sr.ª da Boa Nova é mais importante que a chuva ou o sol.

Nesta caminhada, agora acompanhada pela celebração do rosário, a virgem caminha bem devagar, parando aqui e ali, para que todos a possam ver, olhar os Seus Olhos, deixar a sua lembrança. À frente gente que caminha descalça, de joelhos, arrastando-se pelo chão, em paga da intervenção divina conseguida por Seu intermédio.

Finalmente ao longe o Santuário avista-se e as pessoas que caminharam algumas horas, nem pensam em sentar-se, ou nas refeições, nem nas diversões que por ali abundam, em volta do Santuário. Não! Esperam cantando, rezando, de lágrimas nos olhos, que aquela imagem vestida de branco de coroa de ouro na cabeça, avance por entre a multidão e lhes permita um adeus, um até para o ano, um até sempre, Maria.

Sim! Porque este ano ali estarão no dia 1 e 2 de Maio, como dias grandes da sua Santa Maria de Terena, e a festa iniciar-se-á a 29 de Abril e terminará a 3 de Maio.

O Farnel

A imagem de Nossa Senhora da Boa Nova recolheu ao seu santuário, Os fiéis entram e saem do mesmo, na ânsia de mais uma prece, de mais um pedido, de mais um agradecimento.

Nos campos em volta do Santuário e debaixo das árvores que subsistem e que resistiram à cegueira dos homens, juntam-se famílias, no seu contexto mais alargado. Ali se colocam os assados, as empadas, o arroz tostado, as favas de azeite, as empadas de galinha, os bolos secos, os fritos, o presunto, e os enchidos, com o tão saboroso pão de trigo ainda amassado de forma tradicional, servindo de banquete e de convívio, que se reparte com quem passa, ainda que seja desconhecido.

É este o segredo da romaria da Sr.ª da Boa Nova, a partilha do farnel, a partilha da amizade, a criação de novas amizades e de novos rumos na vida.

Lá bem no recinto do Santuário uma banda de Musica anima a tarde até que, ao sol posto, sem ninguém se aperceber, cada um olha de lágrimas nos olhos, o seu Santuário, e parte cheio de alegria e de esperança, com uma alma nova e um desejo mais uma vez cumprido.

Outras actividades promovidas pela confraria durante a festa
• Romaria a cavalo ao santuário
• Bandas filarmónicas
• Recepção aos peregrinos
• Missas
• Poetas populares
• Feira típica (produtos regionais, feirantes, diversões etc etc )
• Espectáculos de pirotecnia
• Grupos corais
• Largadas
• Torneios de futebol
• Tunas académicas
• Espectáculos musicais
• Largadas de gado bravo
• Animação de rua
• Encontro de acordeonistas
• Exposições
• Concentração motar
• Arraiais

O Concelho de Alandroal
A Monumentalidade

Eminentemente rústico, essencialmente agrícola, o concelho de Alandroal, o segundo maior do país, abrangendo dois extintos concelhos, o de Terena e o de Juromenha ambos integrados no séc. XIX, é conhecido como o Concelho dos Três Castelos – Alandroal, Terena (monumento nacional) e o de Juromenha,- encontrando-se ainda o primitivo castelinho de Terena, sito na margem esquerda da Ribeira do Lucefecit , de enorme inexpugnabilidade a não ser pelo lado SE, onde ainda são visíveis alguns trechos de muralha xistosa.

É enormemente rico em achados arqueológicos, destacando-se a Rocha da Mina (Terena) o Poio Grande (Terena) e ainda a Pedra Alçada (Santiago Maior) e as Anta dos Galvões (Mina do Bugalho), Anta de Santa Luzia (Rosário) , a Anta do Lucas (Terena), a Anta do Pão Mole (Mina do Bugalho)para além das sepulturas medievais do Rosário e a " villa dos Castelinhos" fortificada de Santo António de Capelins e as ruínas do Santuário Endovélico (Terena).

A Gastronomia
A Gastronomia é também um dos pontos fortes da região, com o Pão a ser o rei da mesa. Pratos como as migas alentejanas, a açorda ou as sopas ( de cação, de feijão com espinafres, de tomate, de beldroegas, são outras das iguarias culinárias que o Alandroal pode oferecer aos seus visitantes, confeccionados com o azeite do Alandroal ou de Santiago Maior.

A tradição culinária da região completa-se com o suculento peixe do rio, que pode ser degustado nos restaurantes do concelho, e que se não diga que é sempre igual. Muda de local, para local, dando cada cozinheira o seu toque muito próprio, havendo mesmo uma semana dedicada ao peixe do rio.

Merecem destaque os vinhos Pontual e Boa Nova, dois ex-libris do concelho de Alandroal

Igualmente se destacam os enchidos tradicionais - as farinheiras de sangue e cacholeiras (Terena), e os diversos enchidos de Santiago Maior e de Alandroal

Por fim os queijos de ovelha ou de cabra , secos, de meia cura e frescos dos Orvalhos e de Santiago Maior, para não falar no tão saudável mel.

As Associações
Com uma densidade populacional de 12h/Km2, este concelho, dividem.se os cerca de 6000 habitantes pelos diversos lugares e freguesias do concelho. Dos diversos centros culturais espalhados pelas diferentes localidades, merece um especial carinho, o Centro Cultural do Alandroal, porque numa zona pobre mantém uma escola de música e uma banda a funcionar, conseguindo assim cativar jovens para uma das maiores artes – a música.

Igual destaque merecem os Bombeiros, porque numa zona pobre, é o esforço do colectivo desinteressado que supera as dificuldades de um interior envelhecido e pobre.

• falar do alandroal é falar da de tudo aquilo que ele tem de melhor e que o faz destacar dos concelhos vizinhos , não só no que se refere ao associativismo mas como consegue preservar e manter tradições ,únicas .

• Artesoes : com um vasto artesanato desde calçado feito a mãos , bordados , rendas , peças em madeira

• Profissões: o concelho consegue preservar algumas das profissões já extintas bem como um abegão (homem que fabrica e concerta veículos de tracção animal )
• Produtores de mel
• Criadores do porco preto alentejano , bem como de raças alentejanas de cabras , ovelhas e vacas .
• Diversas fabricas de queijos e enchidos
• Grupo cural
• Banda filarmónica
• Tertúlia de aficionados de alandroal
• Confraria do pão (com sede em terena , a confraria fabrica o pão alentejano na forma tradicional )
• Fabricas de doçaria regional e conventual
• Diversos restaurantes típicos
• Turismos rurais
• Monumentos
• Diversas igrejas
• Grupos de animação musical

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