"Que o Senhor vos ilumine, abençoe e vos proteja."

quarta-feira, 4 de março de 2015

REFORMA DA SACRISTIA DA SÉ DE ÉVORA

Anexo ao tombo III da reedificação da capela mor, a fls. 74, evidentemente deslocado, existe um caderno de papel com 15fls. numeradas e uma enumerada, contendo os róis dos vencimentos do pessoal que trabalhou na modificação da sacristia da Catedral de Évora, com o título: Rol da despeza dos caixões da sanchristia.
Esta obra, também da iniciativa do cabido, teve principio com o treslado do acordo celebrado em 15 de Janeiro de 1733, na aula capitular, sendo delegados e superintendentes da mesma os cónegos Manuel Correia de Azevedo Corte Real, deão; Cristóvão  Salema Correia, tesoureiro mor, e Tomé Chichorro da Gama Lobo, cónego magistral, além dos secretário e contador, os beneficiados João Vaz Xara e André de Mira Vidigal.
A empreitada foi concedidaaos mestres da capela-mor, Manuel da Cruz Matozo e Manuel Gomes Negrão (Doc. 32), e constou, principalmente, de construção e melhorias dos arcazes e seus espaldares, feitura de retábulo de talha, dos portais marmóreo, da pintura mural do pilar, do lavabo  e doutras pequenas obras complementares.
Entre Abril de 1733 e Janeiro do ano seguinte citamos alguns nomes de artistas e suas actividades: Manuel de Abreu. entalhador, fez os moldes dos escudos das gavetas; os seus colegas, Francisco da Silva, mestre, Francisco de Lima, José Carvalho. José de Macedo, Francisco Gomes, João Tavares, torneiro, António Correia e António do Espírito Santo, aprendizes, estiveram sempre presentes na tarefa.
A mão de serralharia esteve entregue aos mestres Manuel Galvão, Lourenço de Carvalho, João da Silveira e António Mendes de Mendonça.
Dois pintores coadjuvados por aprendizes, se incumbiram das decorações do seu género, avultando a pintura mural do pilar da sacristia, posteriormente revestida de escaiola e hoje, infelizmente quase perdida; da mesa dos cálices, das cartelas barrocas, do altar e 
dos espaldares dos paramenteiros. Foram eles; José Xavier, autor das telas de pintura da Igreja da Misericórdia e Manuel Rodrigues, seu aprendiz, em Agosto-Outubro, vencendo aquele 500 réis diários e este 120 réis. Na semana que começou em 17 de Outubro são estes artistas substituídos pelos pintores António dos Santos e Francisco Xavier de Castro, aprendiz, este bastante conhecido em Évora na 2ª. metade do século XVIII.
Em Dezembro vendeu este mestre, ao Cabido, quatro livros de oiro para douramento do altar, pela importância de 3.000 réis.
Nos fins deste mês foram adquiridos 353 azulejos de figura avulsa por 8.119 réis (ficando cada 23 eis) ao empreiteiro de assentamento dos mesmos, Manuel Borges de Lisboa, destinados ao revestimento da casinha de água, anexa ao lavabo da sacristia.
A importância total desta obra atingiu a verba de 911.739 réis.
COMPILADO: BRUNO MOLEIRO
 (CADERNOS DE HISTÓRIA E ARTE EBORENSE)

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