"Que o Senhor vos ilumine, abençoe e vos proteja."

sexta-feira, 6 de maio de 2016





Bruno Moleiro
Memórias do tempo de quando eu era menino ! !
Ainda me lembro do som dos chocalhos e do balido dos
rebanhos.
O sino da igreja matriz a chamar para a missa, a tocar
matinas e trindades, a clamar incêndios, a carpir os
mortos.
Um punhado de devotas num vai e vem de igreja em
igreja a orar a Deus, a pedir aos santos, a implorar
milagres.
De saber quem são os padres que por ali pregam em terra
de incréus apegados ao destino, a despeito do reino dos
Céus.
As mulheres com os cântaros à ilharga ou à cabeça na
volta de acarretar água da fonte, a lavar a roupa no
tanque ou nas ribeiras e nós a espreita-las por detrás de
muros ou das silvas a mirar-lhes as pernas.
Em cada rua, as pedras da calçada onde descobrimos
novos carreirinhos de ervas e de formigas.
O bafo do vinho que saia das tabernas.
A noite de troça dos rapazes da cidade que levávamos a
caçar gambozinos, munidos de lanternas e depois
corríamo-los à pedrada.
O cheiro a melancia que vinha da terra molhada às
primeiras águas.
O cair da noite, no Inverno, a imensa luz que saia das
mercearias, na escuridão da noite e na solidão das casas,
no deserto das ruas, molhados até a chuva fria nos
repassar os ossos e a alma.
Nós a participar na catequese, assistir à missa do galo, a
dispor as figurinhas do presépio da igreja e de nossas
casas, a brincar na sacristia com os santos para restauro,
como se estar ali fizesse parte do mistério.
A alvorada e algazarra dos ranchos de abalada para os
campos a iludir o frio ou o cansaço que depois de mais de
10 ou 12h de trabalho disfarçavam com as suas cantigas.
O chegar da notícia de alguém que se afogou na ribeira e
o sino não para de tocar.
As caçadas às lebres, aos coelhos, às perdizes, muitas
vezes à espingarda ao pau com bons cães galgos e
perdigueiros.
As horas que nunca mais passavam vendo cair a chuva,
numa moenga em tarde de morrinha.
Recordo o carnaval trapalhão em assaltávamos as casa da
moças acenavam aos homens com bonecos de trapos e
farinheiras em jeito de afronta e desafio.
Os bailes das sortes e da bola ao toque das concertinas.
O pai com um olho no rapaz e a mãe de guarda à
rapariga.
Há cheia na ribeira, as águas galgavam as pontes,
arrastando homens, cabanas haveres e o gado e nós
acompanhando as águas apanhando laranjas para matar
a fome.
À noite nós a ouvirmos - vamos meninos, são horas de
ir para a cama, ainda o sol não se tinha posto.
E a nossa mãe a fazer bolos na mesa da cozinha para festa
de Nata, tortas, broas de milho, cavacas, pão de ló,
nogados, azevias, tibornas, sonhos, borrachos, eu e os
meus irmão a lamber os tachos antes de lavar os
tabuleiros de lata apolvilhados de farinha com os bolos,
por cozer ao forno.
Os guinchos dos porquinhos que muitas vezes se criava
no quintal e cujo destino estava marcado.
A azáfama das mulheres sentadas nos mochos, frente a
vastos alguidares, no fabrico dos enchidos.
As cegonhas a anunciar a primavera no fazer dos ninhos
na proa das torres das igrejas e das ruínas dos conventos.
Na esplanada do clube lá da terra, os senhores da aldeia,
recostados nas cadeiras de vime, em conversas brejeiras
de fazer corar um santo.
As burricadas ou piqueniques num ar festivo era quase
um milagre.
As andorinhas no branco e preto das vestes de gala
fazendo os ninhos mesmo por cima das cabeças das
pessoas.
E nós com a joaninha nas mãos a dizer: Joaninha voa, voa
até lisboa… e não é que ela voava mesmo.
Na pascoa, recordo a procissão do Senhor dos Passos,
parada na praça, e o padre a pregar ante as imagens de
Cristo e da Virgem Maria, a banda a tocar, as mulheres
maduras em lágrimas lavadas e nós, impacientes,
vestindo a opa roxas ou branca.
Aquele despertar de adolescente sempre malandro
olhando as raparigas para lhes pregar partidas.
Tempo em que desencantávamos os grilos das suas
talocas com uma palhinha. Arrancando as asas aos
gafanhotos e moscas, atando uma linha às patas dos
escaravelhos malcheirosos correndo atras deles quando
voavam.
Recordo os morcegos a voar na noite de latibós e
lobisomens.
Já no verão a horta cheiinha de uvas e nós saltando os
muros e cercas para apanhar um cachino delas.
O sol chegava ao 40º grau por vezes 42º graus, era a hora
da sesta e muitas da chegada dos corredores de
bicicletas, em que alguns morriam na estrada entre
algarve e Alentejo.
Os homens sem trabalho sentados no chão das praças
que riem param matar o tempo, dando piadas ou
contando anedotas.
Recordo os concertos dos grilos e das cigarras, dos
pardais das rãs e dos sapos.
As horas que não passam e ainda nós não sabíamos que a
vida e morte nos esperam.
Os banhos na ribeira do Xarrama ou do Degebe, a caça
aos ninhos, as pedradas nos vidros e nas cabeças.
O jogo do berlinde, da pata, do virar boneco, das caricas,
do botão do pião.
Que saudades dos bêbados aos domingos a falar
sozinhos, espantalhos que caminham sozinhos nas ruas
numa dança de parede a parede, metendo-se às vezes em
sarilhos.
Que saudades das mulheres sentadas às portas das casas
a apanhar o fresco da noite, olhando as estrelas
enquanto os filhos cantavam.
A debulha nos campos com os homens a comer a
açordinha e o gaspacho, as grossas e enormes rodelas de
pão com chouriço ou toucinho, transportados num tarro,
num trago de vinho, enrolando o seu tabaco em papel e o
passam pelos lábios molhados para obter um malfeito
cigarro.
Os cães à solta pelas ruas a ladrar ao despique não
deixando dormir ninguém.
Recordo todo o ritual da lavra da monda das colheitas da
azeitona, da ceifa da vindima, apanha da cortiça.
Recordo ainda o poço onde alguém se afogou no desejo
de que o seu destino estava cumprido.
O canto dos galos a dobrar o silêncio a anunciar um novo
dia.
A festa das desfolhadas em noites calorosas nas eiras.
O frio que se sente na alma quando se ouve falar de
gente que se deita a afogar na ribeira ou na nora ou se
enforca na trave de um palheiro.
Os carros de bois, de burros, muitos deles conduzidos por
ciganos, machos ou parelhas de mulas.
O receio que sentíamos quando se falava em quadrilhas
de ladrões, pilhado galinhas, coelhos e às vezes os
haveres.
O teatro ao ar livre em caixotes de sabão azul e branco.
Agora muito mudou. As pessoas de então partiram de vez
e é quanto baste para mover o tempo de quando eu era
criança, adolescente ou já adulto.




Fui um pastor de ovelhas
E dos porcos um maioral
Ensopado até às orelhas
Nas semanas de temporal.
-
Minha Mãe foi rancheira
Num rancho de ceifadores,
Pariu-me lá p'ra ribeira
Toda torcida com dores.
-
evora
 a tua Fonte velhinha
Sempre linda, a murmurar,
não fala, mas adivinha
os segredos do luar!
-
Quando vejo uma Madame
Na rua a se promenar
Digo logo jevuzéme
Savêvu Francês parlar
-
O ribeiro não corria
Quando o teu lenço lavavas
Parou a ver se aprendia
As cantigas que cantavas.
-
Há três coisas na vida
A que um homem nunca foge
Ao amor de uma mulher
Ainda não bebi nada hóje
-
Na sala de anatomia
Deu-se um parto interessante
Uma pulga pequenina
Deu à luz um Alifante
-
Teve sabor a pecado
O beijo que te roubei.
Foi um gesto malcriado,
Mas te confesso… gostei.
-
Desfolhaste o malmequer
A perguntar s’eu te queria.
Fizeste mal, oh mulher,
O malmequer não sabia.
-
A mulher que diz a sua idade ou é muito nova para ter alguma coisa a
perder, ou é muito velha para ter alguma coisa a ganhar
O que adianta ser rico,usar roupa de marca se o melhor da vida se faz
Se ferradura desse sorte, o burro não puxava carroça.
Mulher feia e trator só servem para o trabalho, pois ninguém sai a passear
Quem tem uma mulher é um louco apaixonado, quem tem duas é um
homem realizado, quem tem três é um doido descontrolado, quem tem mais
de três sai da frente que é tarado.
Quando as luzes estão apagadas, todas as mulheres são bonitas.
Um aposentado tem entre as pernas outro aposentado.
Mais vale chegar atrasado neste mundo do que adiantado no outro..
Se me vires abraçado com mulher feia, separa que é briga.
Quem gosta de mulher feia é salão de beleza.




Há três coisas na vida
A que um homem nunca foge
Ao amor de uma mulher
Ainda não bebi nada;hóje
——-
Mais vale ser rabo de pescada que cabeça de sardinha
Em tempo de guerra, qualquer buraco é trincheira.
“Amigo que não presta e faca que não corta: que se percam, pouco importa.”

Quem vê a cara, não vê o resto

Há três coisas na vida
A que um homem nunca foge
Ao amor de uma mulher
Ainda não bebi nada hóje
“Se não puder ajudar, atrapalhe, afinal o importante é participar.”
.Evite a ressaca, mantenha-se bêbado.
Troque seu coração por um fígado, assim você se apaixona menos e bebe mais!
A é a Ana, que voou numa cana.
B é o avô Batista, que tem a mania que é artista.
C é a Cristina, que pôe a mão dentro da terrina.
C é a Camila, que tem corpinho de gorila.
D é Daniela, que come um bolo de canela.
F é o Francisco, que na parede fez um risco.
I é a Inês, que dá beijinhos num chinês.
J é a João, que come o osso do cão.
J é a Janica, que não come, mas depenica.
J é a Janja, que não gosta de comer canja.
L é a Lara, que tem seis borbulhas na cara.
M é a Mafalda, que à noite usa fralda.
M é o Miguel, que come pedacinhos de papel.
M é a avó Maria, que dorme todo o dia.
M é a dona Milú, que vestiu o tutu.
P é o Paulo, que no pé tem um calo.
R é a Raquel, que se besunta com mel.
S é a Sónia, que bebe água de colónia.
T é a Teresa, que nunca põe a mesa.
X é a Xana, que escorregou na casca da banana.




-Se chover antes de missa, toda a semana borriça.
-Tanta vez vai o rato ao moinho, que um dia fica lá com o focinho.
Capela de Nossa Senhora da Conceição conhecida por
“Capela das Conchas”
Fundada em terrenos sobranceiros ao paço e
adquiridos por contestação com a Câmara, pelo
donatário D. Henrique Henriques, em 1622, está
integrada nos velhos jardins da casa, constituindo
no todo murado, um longo paralelogramo que
delimita as ruas do Paço, na época chamada de D.
Fernando e a dos Ciprestes. A capela, orientada
para o lado do ocidente, tem uma discreta frontaria
caiada de branco mas que denuncia ter sido
decorada, totalmente, por elementos conchóides,
calcários e de cerâmica como os subsistentes na
empena triangular e no campanário, de nítida
inspiração industânica.
O corpo interior compõe-se de nave com tecto
cupular de linhas acentuadas, este centrado por
opulento resplendor de raios abertos, de madre
pérola e envolvidos de discos e outros atributos
geometrizantes. A decoração comprova o sentido
plástico das gerações seiscentistas, fortemente
embebidas da tradição marítima dos povos
peninsulares, e representa, pelo seu colorido e
utilização de materiais, um dos mais curiosos e
antigos conjuntos da arte híbrida, oriental-ocidental
da região, que tanto foi cultivada nos jardins,
cascatas, alegretes e fontes das casas nobres.
Inúmeras peças de cerâmica italiana, sobretudo
pequenos covilhetes policrómicos com decoração
zoo-antropomórfica, que mais parecem grutas
marinhas do que um templo para meditação
espiritual, na mais estranha variedade de búzios,
conchas, seixos e pedrinhas marmóreas nas suas
habituais cores.
O Jardim oferece, igualmente, grande interesse.
Várias obras similares, da construção de D. João
Henriques, adornam as paredes e nichos, pilares,
alegretes tanque e varandins. O conjunto mais
importante, é sem dúvida, o constituído junto
ermida e da porta torreada, valorizado pelo grande
painel com uma figura equestre do pai do fundador
do parque, D. João Henriques, 5º Senhor de
Alcáçovas, que morreu após a Batalha de Alcácer-
Quibir, prisioneiro dos mouros, em 1582.




- Mais vale um cabelo na cabeça que dois no pente.
- Dentista é o único profissional que, quando trabalha, deixa todo mundo de
boca aberta.
- Tudo na vida e passageiro, excepto o cobrador e o motorista.
- O homem nasce, cresce, apaixona-se, fica burro e casa.
Como se diz top-less em chinês? Chen-xu- tian.
—————————————-
GARCIA DE RESENDE
Garcia de Resende, nasceu a  1470 Évora e morre em Évora em
1536, (APENAS VIVEU 66 ANOS).
De origem nobre, pertencia à mesma família que André de
Resende e André Falcão de Resende.
Manteve-se ligado à corte, tendo sido, desde 1490, moço de
câmara e secretário particular de D. João II. Homem próximo do
rei D. Manuel, foi encarregado por este de várias missões,
incluindo a de secretário da embaixada enviada a Leão X, sob a
chefia de Tristão da Cunha. Quando voltou, D. Manuel nomeou-
o fidalgo da sua casa e escrivão do príncipe D. João, futuro
Rei.
Garcia de Resende foi um hábil desenhador e arquiteto.
Durante muito tempo pensou-se que teria desenhado uma
custódia, que hoje se atribui a Gil Vicente, e elaborou o plano
da sua capela tumular no mosteiro do Espinheiro. Desenhou
também o plano de uma fortaleza que D. João II pensou
construir em frente à torre da Caparica, mas que
posteriormente veio a ser a Torre de Belém. Foi também
responsável por delinear as festas do casamento do príncipe D.
Afonso.
Compilou o célebre Cancioneiro Geral de 1516, também
conhecido como Cancioneiro de Garcia de Resende. A obra
reúne mais de mil composições em português e castelhano de
cerca de 286 poetas palacianos da época. Nesta obra também
se encontram reunidas uma série de produções suas,
principiadas com a famosa questão «Cuidar e Suspirar»,
debatida na corte de D. João II em 1483, por causa de D. Leonor
da Silva, dama muito requisitada.
Garcia de Resende escreveu outras composições poéticas
como as Trovas à Morte de D. Inês de Castro, tema da poesia
lírica por ele inaugurado. Grande admirador de D. João II (que
acompanhou até à sua morte), escreveu Vida e Feitos de D.
João II (1533), para o qual aproveitou grandemente a crónica de
Rui de Pina, e que vale, sobretudo, pela vivacidade do retrato
do monarca.
Foi ainda autor de uma Miscelânea e Variedade de Histórias
(1554), esboço histórico da vida nacional e internacional do seu
tempo, escrito em verso. No conjunto, a sua obra escrita é de
extrema importância para o conhecimento da época, já que nos
descreve com elevado detalhe os usos, costumes, trajos,
cerimónias, convívio e relações sociais. A sua última obra foi o
Sermão dos Três Reis Magos, que compôs já no último ano da
sua vida, para se confortar do desgosto que os frades do
Espinheiro lhe causaram nas frustradas negociações para a
missa quotidiana na capela que fizera erigir.
Escreveu cedo o seu testamento, deixando expressa a sua
vontade de ser erigida uma capela em honra de N. ª S.ª do
Egipto, perto do mosteiro do Espinheiro, para lá ser
sepultado.Com a extinção das ordens religiosas, a capela foi
violada, sendo a sua pedra tumular vendida. Durante muitos
anos esta pedra serviu de tampo de mesa numa casa
particular, até ser recuperada e devolvida ao mosteiro do
Espinheiro em 1903.
– – – – – – – – –
O Alentejo, como todos sabemos, é o único sítio do mundo
onde não é castigo uma pessoa ficar a pão e água. Água é
aquilo por que qualquer alentejano anseia. E o pão… Mas
há melhor iguaria do que o pão alentejano? O pão
alentejano come-se com tudo e com nada. É aperitivo,
refeição e sobremesa. E é o único pão do mundo que não
tem pressa de ser comido. É tão bom no primeiro dia como
no dia seguinte ou no fim da semana. Só quem come o pão
alentejano está habilitado para entender o mistério da fé.
Comê-lo faz-nos subir ao Céu!
É por tudo isto que, sempre que passeio pelos CAMPOS DO
ALENTEJO numa noite quente de verão ou sinto no rosto o
frio cortante das manhãs de Inverno, dou graças a Deus
por ser alentejano. Que maior bênção poderia um homem
DESEJAR?

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