"Que o Senhor vos ilumine, abençoe e vos proteja."

quarta-feira, 8 de abril de 2009

VEIROS (Estremoz)

Nesta torre, a construção assenta num afloramento de xisto, o mesmo material que predomina na fortaleza.
Na continuação da volta em redor do castelo, desembocámos numa praça onde se situa a Igreja de S. Salvador. Este templo está incrustado no sítio do castelo, de modo que a muralha desaparece para dar lugar à fachada da igreja

As enormes torres que enquadram outra porta, meio escondida e emparedada.
O Castelo de Veiros

Durante alguns anos, quando percorria o IP2, entre Estremoz e Monforte, via ao longe, alcandorado numa colina, o imponente Castelo de Veiros. A intenção de visitar esta povoação foi sendo adiada por falta de tempo. Agora, foi uma das que constituímos como prioritárias, para vermos no local esta interessante vila que já foi sede de concelho. Actualmente é uma das freguesias do concelho de Estremoz.
No Numeramento de 1527-1532, tinha 361 moradores, o que equivalia a cerca de 1400 habitantes. O concelho estava então integrado nas terras da Ordem de Avis.
Em 2001, a freguesia tinha 1233 habitantes.
Chegados a Veiros, começámos por subir a colina e chegámos à porta principal do castelo. Visto de perto, a sua imponência ainda é maior.
A construção data do século XIV, mas teve obras de reforço das muralhas no século XVII, durante as Guerras da Restauração.
Depois de percorrermos um caminho relativamente íngreme, chegámos a esta porta do castelo. Como é fácil de perceber, a fortaleza está fechada, não sendo possível visitar o interior. Soubemos depois que é propriedade privada.
Voltámos à esquerda para rodearmos as muralhas.


As igrejas da Misericórdia e do Senhor dos Passos.
Abóbada de tipologia própria do estilo chão (destituído de ornamentos) e colunas toscanas.
O portal da igreja de estilo renascentista
Igreja de S. Salvador
A importância de Veiros está também testemunhada na existência de várias igrejas. No largo que se abre encostado à muralha do castelo, existem três igrejas. Conta-se ainda outra, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, numa rua que começa neste largo.
A Igreja Matriz de Veiros, consagrada a S. Salvador, é um edifício de grandes dimensões. Enquadra-se na tipologia das "igreja-salão", inspirada nas hallenkirchens alemãs.
A fachada da Igreja de S. Salvador. À esquerda pode ver-se o começo dos edifícios que fecham este lado da praça: as igrejas da Misericórdia e do Senhor dos Passos.

O bebedouro para os animais
As carrancas do lado direito de quem está de frente para a fonte
A carranca do meio
As carrancas do lado esquerdo de quem está de frente para a fonte
Fonte Nova de Veiros

No extremo sul da vila de Veiros encontra-se, a meio da encosta, a Fonte Nova. É uma fonte com tríplice função: abastecimento de água à população, bebedouro de animais e, um pouco mais abaixo na encosta, o tanque para a lavagem da roupa.
É uma fonte toda feita de mármore e que ainda serve para abastecimento, pelo que me foi dado observar.
Vista geral da fonte com as cinco bicas enquadradas por carrancas muito interessantes pois cada uma ostenta um penteado diferente.

Torre comunal de Veiros, recentemente restaurada pela Junta de Freguesia. Está localizada no largo da Igreja Matriz. Podem ver-se, à direita, as igrejas da Misericórdia e do Senhor dos Passos. O conjunto das igrejas e a torre encontram-se encastradas nas muralhas da fortaleza medieval. À esquerda vê-se o recomeço da mualha.
Pormenor do cimo da coluna, capitel e remate do pelourinho.

O pelourinho de Veiros, vendo-se também o edifício da antiga câmara municipal.
Veiros
Depois de ter feito o anterior post fiquei a pensar no que poderia explicar a existência de um castelo com as características do de Veiros, numa área tão afastada da fronteira com a Espanha. Associamos geralmente as construções militares às necessidades de defesa resultantes dos conflitos entre os dois reinos; a realidade é que existiram também conflitos internos pela posse do território.
Revi os meus velhos estudos sobre a organização do Alentejo no século XVI e a observação deste mapa talvez dê uma resposta plausível.
Nesta altura, o Alentejo (a Comarca de Entre Tejo e Odiana) tinha como senhorios das terras:
1. As ordens militares: Santiago, Avis, Cristo e Malta (Priorado do Crato);
2. O Duque de Bragança;
3. O rei e nobres.
No Nordeste Alentejano, eram do domínio da Ordem de Avis os seguintes concelhos: Seda, Avis, Figueira, Cano, Fronteira, Cabeço de Vide e Veiros. Este último concelho confrontava com três importantes concelhos dos domínios do Duque de Bragança: Monforte, Borba e Sousel. Confrontava ainda com os concelhos de Estremoz e de Elvas.
Dada a sua posição geográfica, Veiros constituía um ponto estratégico para a defesa, a Sul, das terras do Mestrado de Avis, justificando-se a existência de uma fortaleza que, funcionando como guarda avançada, assegurasse a protecção dos concelhos situados mais a norte.

Pormenor do mapa, parte Norte

Fonte: Entre Tejo e Odiana

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