"Que o Senhor vos ilumine, abençoe e vos proteja."

terça-feira, 17 de novembro de 2009

ALCAÇOVAS, OS SEUS MONUMENTOS E A SUA HISTÓRIA....


































Um pouco da história das Alcáçovas


Existem várias versões sobre a origem da vila das Alcáçovas. Uma das mais seguidas estabelece as suas origens na romana Ceciliana, mas traduzida para Alcáçovas (do árabe «al-caçaba», que significa castelos).

Com as invasões árabes a vila foi totalmente arrasada em consequência da tenaz resistência dos seus habitantes.

D. Martinho, Bispo de Évora, repovoou-a e deu-lhe foral particular (1258), até que D. Afonso III a incorporou nos bens da Coroa e a elevou a vila (1271).

D. Dinis deu-lhe dois forais (1279 e 1283) e mandou reconstruir um dos castelos, e no seu interior um palácio para sua moradia (1290).

No reinado de D. Afonso V foi concedido o primeiro senhorio das Alcáçovas a D. Fernando Henriques. Desde então o palácio foi palco de grandes cerimónias, de que se destacam os casamentos das Infantas netas de D. João I e de Nuno Álvares Pereira, de D. Isabel com o rei de Castela D. João II e de D. Beatriz com o Infante D. Fernando.

O rei D. João II doou então a vila à família dos Henriques, depois de tersido a sua residência preferida e onde no palácio real portugueses e castelhanos assinaram o «TRATADO DE ALCÁÇOVAS» (1479), antecedente directo do Tratado de Tordesilhas.

No início do século IXX a família senhorial dos Henriques vai passar a dividir o seu tempo entre as Alcáçovas e Paço de Arcos, contribuindo para o desenvolvimento de ambas as localidades.

Em 1836 é suprimido o concelho das Alcáçovas, sendo integrado no concelho de Viana do Alentejo.

Cerca de 1920 a vila das Alcáçovas tinha cerca de seis mil habitantes e revelava um desenvolvimento agrícola e industrial bastante apreciável. Salientaram-se então as indústrias da cortiça, dos lagares de azeite e do fabrico dos famosos chocalhos das Alcáçovas.

Hoje me dia a vila possui cerca de três mil habitantes e muitos naturais da terra e seus descendentes espalhados pelo mundo inteiro, em busca de uma vida melhor que a sua terra prometeu, mas ainda não pode cumprir.

Artesanato:

Os Chocalhos de Alcáçovas

«Muitas são as localidades, vilas, cidades ou aldeias, que através dos tempos conseguem manter uma especialização industrial ou artística, que é como que o fácies característico e inconfundível que as torna conhecidas.

Alcáçovas também possui a sua indústria própria, especial, única, através da qual o seu nome se tem tornado conhecido...»

Mário do Rosário - A vila de Alcáçovas - 1924

História
Desde tempos recuados que a produção de chocalhos constitui a principal indústria da povoação de Alcáçovas. Sabe-se ao certo que se fabricam desde o século XVIII e que a arte tem permanecido na posse de algumas famílias que a vêm transmitindo de geração em geração.

No 1º quartel do século XX alguns membros dessas famílias deixaram a sua terra natal e estabeleceram-se em Serpa, Estremoz e Portalegre, onde abriram oficina e continuaram a exercer a mesma profissão.

Hoje o fabrico destes objectos continua a processar-se exactamente do mesmo modo, e as oficinas mantém o mesmo aspecto que há 200 anos, mas o seu número tem vindo a diminuir drasticamente. Ainda há 40 anos havia dezasseis oficinas, das quais apenas três funcionam actualmente, sem que em qualquer delas trabalhem aprendizes (sinal bem evidente de que esta arte está em risco de perder-se num futuro muito próximo)

Os chocalhos eram muito usados para pendurar ao pescoço de alguns animais (os guias), à volta dos quais se juntavam os outros enquanto pastavam. Também serviam para indicar o paradeiro das reses mais gulosas quando estas se afastavam da manada para os campos semeados. Actualmente, o sistema de limitar as zonas destinadas à paastagem com cercas aramadas está a fazer cair em desuso a utilização dos chocalhos.

Os ganadeiros tinham orgulho em apresentar os seus animais munidos de chocalhos ornados com as iniciais da casa agrícola a que pertenciam e pendurados ao pescoço por coleiras de couro cravejadas e trabalhadas. Essas coleiras eram presas segundo dois sistemas: com fivelas de metal ou peças de madeira (cáguedas), também primorosamente decoradas.

Os chocalhos tornam nomes diversos conforme os tamanhos, que podem ir desde os 2 aos 50 cm de altura. Os de formato grande destinam-se ao gado vacum e cavalar e a alguns bodes guias. Os médios aplicam-se no gado lanigero e os pequenos em animais domésticos. Hoje são vendidos principalmente para fins decorativos e os compradores e coleccionadores, sobretudo estrangeiros, preferem adquirir os chocalhos já usados.

A Arte e a Técnica

O fabrico de chocalhos é um trabalho totalmente artesanal que exige intuição artística e conhecimento de várias técnicas.

O chocalho começa por ser talhado em folha de ferro, conforme o tamanho que se deseja. A grande tesoura está fixada verticalmente de um lado do banco de trabalho. Do outro lado encontra-se a bigorna, onde seguidamente se procede ao enrolamento da folha até ficar com a forma de chocalho. Depois fura-se a folha e coloca-se o céu (onde se pebdura o badalo), faz-se a asa e põe-se no lugar. Ainda não tem toque algum. Para se obter este, não basta soldar os lados da folha. Os bordos têm de ficar realmente unidos, e isso exige operações complicadas.

Tem-se uma folha de latão e bronze ou bronze e cobre e coloca-se um pedaço sobre cada um dos lados do chocalho, outro debaixo da asa e um último da parte de dentro. Seguidamente, embarra-se, isto é, cobre-se todo com barro amassado com palhinha de trigo. A palha destina-se a não deixar gretar o barro ao atingir grandes temperaturas.

Na parte de baixo do chocalho, com um ferro, abre-se um furo no barro para servir de respiradouro. Quando se juntam alguns exemplares assim preparados, levam-se à forja, alimentada com carvão de pedra, sendo preciso voltá-los de vez em quando para aquecerem por igual. Quando ficam ao rubro, tiram-se para fora, rebolam-se no chão liso para arrefecerem um pouco e para a liga do metal agora derretido se ir espalhando por igual. Depois, mergulham-se em água fria para resfriarem completamente e adquiriram a cor acobreada que lhes pertence.

Mais tarde, o barro cozido, que apresenta uma superfície negra e irregular, é partido e retirado. Esses resíduos muito duros - o «coscumalho» - eram usados antigamente para terraplanar os caminhos públicos.

Se o chocalho apresentar alguma irregularidade na superfície, esta é limada e a peça fica praticamente pronta, faltando apenas o trabalho mais artístico, que é o da afinação. Para isso volta à bigorna, onde com uma série de marteladas macias, o artesão vai procurando o som mais límpido, agradável e ressoante.

Por último, coloca-se o badalo, que pode ser de folha ou de madeira, sendo este último feito pelos guardadores de gado. O som obtido depende da espessura da folha utilizada 8quanto mais grossa mais grave é o som) e da quantidade de metal aplicado no acto de embarrar. Só depois de largos anos de prática se consegue fazer um chocalho com um som previamente determinado.

O «Museu do Chocalho»

Nas exposições e nas feiras, as juntas de bois apareciam muitas vezes com grandes chocalhos iguais no som e na marca. Chamavam-se «parceiros» ou «camaradas».

As marcas ou brasões, são recortes feitos em chapa de ferro delgada e fixados no chocalho com um prego, antes de aquele ser embarrado. Apresentam os feitios mais diversos e constituem a marca do fabricante, que este inventa quando toma conta de uma oficina e que depois mantém por toda a vida.

Um dos artesãos das Alcáçovas, João Chibeles Penetra, há mais de 30 anos que guarda chocalhos de diferentes tamanhos e marcas, tendo juntado uma extraordinária colecção de mais de 900 exemplares, em exposição numa sala que adoptou para esse fim.

Nesse «Museu do Chocalho» estão incluídos um chocalho suiço e outro alemão feitos à máquina, alguns instrumentos de trabalho, uma descrição completa do processo de manufactura e exemplares de todas as fases do fabrico dos chocalhos.

Na oficina-museu estão representados em prateleiras exemplares de chocalhos de todos os tipos, modelos e tamanhos. Constituiam motivo de orgulho para os ganadeiros os chocalhos ornados com as iniciais da sua casa.

«Museu do Chocalho» de João Chibeles Penetra

Rua da Esperança, 152/4

7090 - 029 Alcáçovas

Tel.: 266 954 131

Nota: Para visitar o Museu, telefonar ao sr. João para marcar a visita ou bater no nº 146, caso ele não esteja no Museu.

Os Chocalheiros

Nas Alcáçovas ainda existem os seguintes Chocalheiros, uns que trabalham mais, outros menos, até porque a maioria já tem idade avançada.

«Chocalhos Pardalinho», de José e Guilherme Maia (Chocalhos)

Travessa Lagar do Boi, 2 / Quinta do Vale de Freixo (estrada para Montemor)

7090 - 076 Alcáçovas

Tel./Fax: 266 954 394 / 266 954 427

Gregório Sim-Sim (Chocalhos)

Rua de São Francisco, nº 8

7090 - 039 Alcáçovas

Tel.: 266 954 270

Franklin Sim-Sim (Campainhas, fivelas e guizos)

Travessa de São Teotónio, nº 1

7090 - 998 Alcáçovas

Tel.: 266 954 135

«Museu do Chocalho» de João Chibeles Penetra

Rua da Esperança, 152/4

7090 - 029 Alcáçovas

Tel.: 266 954 131

Nota: Para visitar o Museu, telefonar ao sr. João para marcar a visita ou bater no nº 146, caso ele não esteja no Museu.
Fábrica de Chocalhos de Maria Francisca Serrinha Loupa e de Joaquim Manuel Sim-Sim (Venda de artesanato e Chocalhos)

Rua da Esperança, 108

7090 - 029 Alcáçovas

Tel./Fax: 266 954 138



Feiras, Festas e Romarias de Alcáçovas

Alcáçovas é uma vila onde se realizam uma feira e duas romarias muito importantes, são elas:

Feira de Alcáçovas

Festa de Nª Srª da Esperança

Festa de São Geraldo

Também se realiza um Encontro de Bandas Filarmónicas

O Mercado é à segunda e quarta terças-feiras de cada mês, no recinto de São Brás.

Feira de Alcáçovas

Feira anual das Alcáçovas, antigamente denominada «Feira dos Chocalhos», realiza-se no Largo da Gamita e tem lugar no 4º fim-de-semana de Julho - este ano será de 21 a 23 de Julho de 2000.

A povoação de Alcáçovas distinguiu-se desde o século XVIII pelo fabrico e comercialização de chocalhos, transformando assim estes simples objectos utilitários em peças artísticas. Daí a feira de Alcáçovas ser ainda conhecida como Feira do Chocalho, apesar de não ser esta a sua denominação.

É uma feira franca bastante antiga, com cerca de duas centenas de anos, onde se transaccionavam vários artigos com lugar de destaque para os chocalhos.

Os frequentadores desta feira são na sua maioria os habitantes de Alcáçovas, seus familiares que habitam noutras terras, população das localidades vizinhas.

A feira tem evoluído ao longo dos tempos, apresentando hoje espectáculos musicais, desportivos e tauromáquicos e uma melhoria significativa das mostras de actividades económicas, tendo o número de expositores vindo a aumentar, apesar de só desde 1998 haver stands.

É organizada pela Câmara Municipal de Viana do Alentejo e tem o apoio da Junta de Freguesia de Alcáçovas.

Festa de Nª Srª da Esperança

Esta festa realiza-se no Domingo do Espírito Santo, em honra de Nª Srª da Esperança, num pitoresco monte nos arredores da vila (cerca de 4 km9, onde se encontra erguida a igreja com o mesmo nome.

Esta romaria reúne um grande número de forasteiros, pois realiza-se anualmente, dez dias depois da Quinta- Feira de Ascensão, mas no entanto são os habitantes da vila que com os seus cantares e vivacidade dão aos festejos a alegria que os caracteriza.

É uma romaria essencialmente religiosa. Compõe-se de festejos, cortejos, leilão e venda de artesanato e outras coisas.

Todos os participantes da festa devem levar o almoço pois a festa realiza-se no convento durante todo o dia.

Esta romaria evoluiu devido à facilidade dos transportes, que permite um maior acesso ao convento.

Festa de São Geraldo

Esta festa realiza-se anualmente no último domingo de Agosto, por vezes durante três dias.

Realizou-se pela primeira vez em 1976 após um longo período de interrupção. Localizada dentro da vila, junto da ermida de São Geraldo, num dos extremos da vila.

É uma festa religiosa, que inclui diversas cerimónias litúrgicas e algumas provas desportivas.

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