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terça-feira, 2 de março de 2010

No início do século XVI, o fidalgo castelhano Diogo de Sepúlveda, mandou construir o palácio da foto.

No início do século XVI, o fidalgo castelhano Diogo de Sepúlveda mandou erguer numa das artérias principais de Évora, constituindo um acesso privilegiado à vila, um palácio para residência da sua família, cujos descendentes habitaram até finais do século. A estadia desta família em Évora, bem como o tipo de construção, nobre e de grandes dimensões, do imóvel, são testemunho de um período marcado por grande desenvolvimento económico e cultural da zona, quando naturalmente se registou um surto construtivo marcante - acompanhando, por exemplo, as estadias do rei D. Manuel na cidade. Da construção original restam as janelas manuelinas da frontaria, voltada para a antiga Rua da Lagoa e para o fronteiro Convento do Monte Calvário, bem como as salas abobadadas do piso térreo e da sacristia da igreja, provavelmente antigas adegas ou cocheiras.
Das três janelas, hoje entaipadas, apenas uma conserva a molduração intacta, em arco trilobado no intradorso e contracurvado no extradorso, decorado com imaginária vegetalista, mas sem peitoril. A segunda janela conserva a verga, formada por dois arcos ultrapassados ou em ferradura, geminados, certamente assentes sobre mainel, do qual não restam vestígios; ficaram no entanto os elegantes capiteis, os remates e parte das ombreiras, e a terminação do extradorso, em arco contracurvado terminando num cogulho. A terceira exibe apenas uma ombreira e cerca de metade da verga, sugerindo troncos podados entrelaçados.
O conjunto sofreu sucessivas alterações ao longo do tempo, principalmente maneiristas e barrocas, uma vez que o edifício foi adaptado a colégio a partir de 1625, quando o arcebispo D. José de Melo aí instala o Colégio de São Manços, instituído em 1592 e destinado a albergar donzelas desamparadas oriundas de famílias nobres - motivo pelo qual o palácio foi também conhecido por Colégio das Donzelas. Deste período subsiste a estrutura da igreja então erguida, templo de nave única, de linhas muito sóbrias. Foram então adaptadas muitas salas, sendo as do piso térreo transformadas em dormitórios.
O imóvel foi vendido a um particular no século XIX, passando para a posse da família Braancamp Reynolds; seguiu-se a sua ruína parcial, embora tenha logo em meados do século começado a funcionar como fábrica, albergando uma máquina a vapor que produziria sabão e aguardente, para além de funcionar como moagem de cereais e azeitona. A esta primeira utilização industrial seguiram-se outras, como o fabrico de pranchas e rolhas de cortiça, e - já nos anos 50 do século XX - a actividade têxtil, ficando o edifício conhecido principalmente como "Fábrica da Melka". Estas ocupações sucessivas desvirtuaram evidentemente as características da maior parte do palácio, causando a destruição de valiosos elementos estruturais e decorativos. Presentemente, o edifício encontra-se devoluto, embora se considere a sua adaptação a unidade hoteleira.

1 comentário:

  1. É muito bom aprender, me remeteu a diversos livros de literatura portuguesa, que li no meu 2o. período escolar.
    Parabéns.
    abraços

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