"Que o Senhor vos ilumine, abençoe e vos proteja."

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A Moura das igrejas - Património Alentejano

A Moura das igrejas
Uma vez chegado ao centro não será difícil encontrar um local para estacionar. Comece por descer a Rua Serpa Pinto, uma das principais artérias da cidade. Aqui pode apreciar alguns exemplares de casas de características aristocratas que ainda vão resistindo ao passar dos anos e às investidas do mercado imobiliário. Assim que encontrar o primeiro cruzamento, meta pela sua direita. Aproxima-se a primeira paragem. Fica na esquina da Rua da República com a Rua de São Pedro. É aqui que encontramos a antiga Igreja Colegiada de São Pedro, transformada, desde 2004, em Museu de Arte Sacra.

Entre ermidas, conventos e igrejas, conta-se na terra uma boa meia dúzia donde proveio o espólio que compõe o museu. São sobretudo dos séculos XVI, XVII e XVIII as peças que pode apreciar. De riquíssimo valor histórico e patrimonial, terão resistido aos inúmeros saques e destruições a que foram sujeitos os espaços religiosos do concelho nos dois séculos seguintes.

Em merecido destaque está a obra Santiago combatendo os mouros, feita por um pintor da terra conhecido como o Mestre da Misericórdia de Moura. E como “recuámos” ao tempo dos reis e das rainhas, não deixe de espreitar as coroas que fazem parte da colecção de joalharia exposta no museu.

Em direcção à praça
 
Os pés pisam o empedrado irregular em busca do principal ponto de encontro de Moura – a Praça Sacadura Cabral. Aqui, tudo está ao alcance do olhar e à distância de umas dezenas de passos – o castelo, o edifício do mercado, hoje muito afastado das lides do comércio (e quase ocupado na totalidade pelos serviços técnicos da câmara), a biblioteca e a Igreja de São João Baptista, antiga Igreja Matriz.

Este é o melhor exemplar do estilo manuelino de todo o concelho de Moura. Foi edificada em pleno reinado de D. Manuel I e terá sido construída com o intuito de albergar os católicos que deixaram de ter espaço para assistir às missas celebradas na Igreja de Nossa Senhora da Assunção, situada dentro das muralhas do castelo. Da imponente torre sineira sobressai o varandim donde, supostamente, seria dada a missa aos reclusos da terra.

Mesmo em frente encontramos os antigos Paços do Concelho. É aqui que está instalada a Biblioteca Municipal de Moura, ainda que por pouco tempo. Este espaço será, em breve, transferido para o edifício do ex-Grémio da Lavoura.
Mesmo ao lado fica a Fonte das Três Bicas, alimentada por uma das três nascentes do castelo. A delicadeza do mármore branco e cinzento da fonte contrasta com a parede em cantaria, pintada com o tom ocre típico do Alentejo. E se o dia estiver quente aproveite e refresque-se. Afinal de contas, está em terra de boa água.

Moura à vista

Com uma localização privilegiada na bacia do Guadiana, Moura foi sempre um importante ponto estratégico. Romanos, visigodos e, mais tarde, os muçulmanos, quiseram dominar uma urbe que cresceu em redor da Lenda da Moura Salúquia, uma jovem princesa que estava prometida ao alcaide de Arouche, Bráfama.

Na véspera do matrimónio, o noivo sofre uma emboscada de uma comitiva cristã. Chegados ao castelo, os cristãos que envergavam vestes árabes foram acolhidos por ordem da princesa que ansiava a chegada do noivo. Quando se apercebeu do erro era demasiado tarde. O castelo tinha sido conquistado e em desespero, Salúquia pegou nas chaves da cidade e atirou-se de uma das torres do castelo.



Sem comentários:

Enviar um comentário